quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Buenos Aires, minha primeira viagem internacional


Viver num Estado que faz fronteira com um país estrangeiro me possibilitou visitar algumas vezes a Bolívia, mais exatamente a cidade de Guayaramerím (Departamento do Beni) que fica coladinha com a cidade brasileira de Guajará-Mirim, porém, embora tenha tido contato com um ambiente e cultura um tanto diferente, eu não considero como uma experiência internacional. Neste mês de agosto (16 a 22/07/2017) tive a oportunidade de conhecer a Capital da Argentina, Buenos Aires, onde passei por um controle migratório e onde convivi por mais tempo com a comunidade local.

Minha viagem começa na tarde do dia 16 de agosto, quando parti sozinho de Porto Velho através do Aeroporto Internacional Jorge Teixeira, num vôo Latam para Brasília, onde fiz conexão para o meu destino final. Assim que cheguei no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek percebi que estava sem a Carteira Internacional de Vacina, a qual costuma ser muito importante numa viagem internacional especialmente quanto à febre amarela. Perguntei para os funcionários da Latam se precisaria da Carteira Internacional para desembarcar em Buenos Aires, porém não souberam me informar, então nesse curto tempo para fazer a conexão eu corri até ao posto da Agência de Vigilância Sanitária - ANVISA para me informar. No caminho estava demasiado preocupado, e quando cheguei fiquei ainda mais porque estava tudo fechado. Já era uma 18h30min (horário local). Pra minha alegria havia um mural ao lado da porta, no qual estava um informe sobre o Cartão de Vacina Internacional, e lá dizia que a Argentina e outros dois países não cobravam esse documento. Corri para o embarque.


Desembarquei no Aeroporto Internacional Ministro Pistarini, que fica na cidade de Ezeiza, na Grande Buenos Aires. O aeroporto fica bem distante do Centro da Cidade Autônoma de Buenos Aires, portanto, se achar melhor, escolha o Aeroparque Regional Jorge Newbery, que tem 6 km do centro da cidade como um grande ponto positivo. O Aeroporto de Ezeiza é bem grande, mas o desembarque foi tranquilo. Mesmo estando sozinho e sem saber "hablar" espanhol, além de ser minha a primeira visita à localidade, foi tudo muito tranquilo, inclusive ao passar pelo controle migratório. Enquanto esperava na fila junto com muitos outros brasileiros, eu fiquei observando como era o atendimento. Não era nada demais. Na minha vez fui até o box de vidro, apresentei meu passaporte, colheram minha digital, tiraram uma foto, e informei o hotel onde ficaria, e pronto. O carimbo me concedia concedia 90 dias de turista para aproveitar a cidade deles. 

Depois de pegar a bagagem tive que passar minha mala por um raio-x, e dali foi direcionado a um portão de "salida". O primeiro contato ali fora foi com o friozinho que fazia, mas logo fui assediado por uma moça que oferecia táxi muito euforicamente. Como estava cansado eu perguntei logo se aceitavam Real, porque não havia tido tempo de trocar dinheiro. Ela disse que aceitavam a moeda brasileira e me conduziu a um guichê, onde paguei uns R$ 160, equivalente a $ 640 pesos, e um vale para na volta ter um grande desconto e pagar apenas $ 550. A viagem até o hotel demorou um pouco. Percorremos por uma rodovia bem larga onde passamos por dois postos de pedágios, até chegar numa área mais urbana e bem edificada, onde lá estava o Two Hotel Buenos Aires, onde seria minha casa pelos próximos seis dias. 

Assim que cheguei no hotel, de madrugada, bastou dar meu nome e logo encontraram minha reserva. Tive que apresentar o passaporte (mas poderia ser o RG), preenchi um cadastro, e fui orientado sobre não fumar no quarto, bem como de uma multa se desobedece (nos termos da legislação local), inclusive o atendente anotou os dados de um cartão de crédito meu para se certificarem de que a multa seria adimplida. Após isso ele me entregou um envelope bem pequeno onde tinha o cartão (chave) do quarto, senha da Internet sem fio, e orientações sobre o café-da-manhã. O hotel superou minhas expectativas. Ele não é muito luxuoso, mas é bem organizado e limpo. As instalações aparentam ser novas e modernas, além de ter uma decoração muito bonita e agradável. Meu quarto tinha vista para a Rua Moreno, e contava com um cofre, um armário, uma escrivaninha, uma teve que parecia estar embutida numa parede de vidro, duas camas, e um banheiro que era separado do quarto por um vidro. 


Na manhã do dia 17 de agosto tomei café-da-manhã e resolvi dar uma volta pela cidade. Estava fazendo um friozinho, e por isso saí com uma camisa polo e um agasalho na mochila, onde carregava a câmera fotográfica. O hotel fica bem perto do centro e dos principais pontos turísticos. Ao chegar numa grande avenida vi alguns ônibus de dois pavimentos. Eram os "Buenos Aires Bus". O motorista de um deles me indicou onde poderia comprar o ingresso, que pra minha sorte aceitava a moeda brasileira. Peguei cerca de R$ 125. A duração do ingresso é de 24h, e o roteiro passa por mais de 30 pontos turísticos da Capital Argentina, os quais eu podia descer para conhecer melhor, e depois voltar para o ponto de parada especial do "Buenos Aires Bus" para pegar outro veículo e continuar o passeio. São vários ônibus "amarelinhos" que passam de 20 em 20 minutos. 

























































Na manhã do dia 18 de agosto troquei alguns reais pela moeda local (peso) no Banco de la Nación Argentina, que fica ao lado da Casa Rosada. O local onde realizam o câmbio fica no subsolo. Eu esperei por alguns minutos num banco de madeira junto com outras pessoas, até um funcionário aparecer e autorizar a entrada de cinco pessoas. Nessa outra área do banco esperei por mais alguns instantes, até me chamarem. O atendente pediu um documento de identidade, mas como havia deixado o passaporte no hotel (com receio de perder ou me tomarem), eu apresentei a CNH na expectativa de que aceitassem, no entanto, foi um ledo engano. O atendente perguntou para uma colega e depois veio até mim e disse que não podiam aceitar. Então eu corri de volta ao hotel (que felizmente estava perto) e peguei ao passaporte. No banco haviam poucas pessoas, e por isso deu de atentar para uma plaquinha em que diz que só atenderiam quem tivesse conta no banco. Fiquei meio receoso, mas como na primeira vez o atendente não havia falado nada sobre isso, eu resolvi esperar. Fui atendido pelo mesmo funcionário da outra ocasião. Mostrei o passaporte, ele conferiu, tirou cópia e me deu uma senha para eu trocar o dinheiro no caixa. Esperei pouco até chamarem a senha 164. No guichê uma mulher estava atrás de uma janelinha de grade e um vidro. Ela perguntou o número do passaporte, meu endereço no Brasil e outras informações triviais. A cotação naquele esta de R$ 1 para $ 4,37 pesos. Saí dali com um monte de cédulas da moeda local, a maioria de $ 200. Mas apesar disso não me animei muito pois já havia percebido que embora estivesse saindo dali com muitos pesos, eles não valiam de muita coisa, afinal, um produto que no Brasil pagaria uma determina quantia, o mesmo produto ali, via de regra, eu pagaria o quádruplo em pesos. Portanto, de modo geral não haveria qualquer diferença. Para ser mais claro, um suco de laranja que no Brasil eu pagaria R$ 10, lá em Buenos Aires eu pagava pouco mais de $ 40, ou R$ 10 (se no local que estivesse vendendo aceitasse o Real). 






















  
  

Na manhã do dia 19 caia uma chuva fraquinha na cidade. Numa breve trégua eu me apressei para ir à à Casa Rosada, pois a visita guiada a qual faria parte aconteceria naquela manhã. Como sempre cheguei muito cedo, e como iriam receber os turistas impreterivelmente às 10h00min e chuva começou a cair novamente, eu procurei uma marquise de onde podia acompanhar a movimentação no portão de entrada do palácio. Quando vi que algumas pessoas começaram a entrar eu me apressei. Fiquei em penúltimo lugar na fila. Quando chegou minha vez mostrei o bilhete em pdf no meu celular, e o passaporte que por sorte estava na minha mochila (na verdade tem que ser o documento que você declara quando agenda a visita guiada). Formaram-se três grupos. Assim que o primeiro entrou, em aproximadamente 20 minutos entrou o que eu estava. Uma guia apresentou contou um breve histórico sobre o prédio, e depois passamos a percorrer vários salões, sendo os principais deles o "Salão Eva Perón" e o "Salão Branco", onde acontece a passagem de governo do país. Passamos também por um jardim interno, e até por espaço funcionais, onde nos informavam da impossibilidade de fazer qualquer registro fotográfico. Por questão de segurança, por onde andávamos haviam soldados palacianos acompanhando nossos passos. 













































Na manhã do dia 20 de agosto saí do hotel com destino ao Monumento à Mafalda, uma personagem criada pelo cartunista argentino Quino em 1964, e que era muito conhecida por se preocupar com a humanidade a a paz mundial. Eu seguia a rota definida pelo gps no celular, e quando me aproximava da Rua Chile, onde estaria o monumento, notei que havia uma grande movimentação na Rua Defensa. Muita gente estava montando umas barracas, e começavam a organizar alguns produtos, e logo percebi que estaria na tão falada "Feira de San Telmo" que acontece todos os domingos naquela rua. Ao chegar na estátua de Mafalda, na esquina da Rua Chile com Rua Defensa, exatamente na calçada em frente a um barzinho bem charmoso, avistei a estátua da pequena menina sentada numa cadeira de praça junto com dois outros personagens. Mesmo tão cedo, haviam alguns turistas tirando fotos, e outros se aproximavam. Eu fiquei constrangido de tirar foto sozinho, então cedi minha vez para as outras pessoas que apareciam, e resolvi andar mais pela feira que estava se organizando. Durante todo o trajeto pela Rua Defensa, percebia algumas já montadas, e outras que ainda estavam sendo organizadas. Alguns turistas já começavam a aparecer também. A certa altura vi no final da rua um monumento que se assemelhava à Pirâmide de Mayo, e logo ao me aproximar, confirmei minhas suspeitas: a feira terminava exatamente na Plaza de Mayo, que fica em frente à Casa Rosada (local este onde eu já me situava). Permaneci na praça por alguns minutos enquanto a feira se organizava, inclusive aproveitei o sol que fazia naquela fria manhã de domingo. 

De volta à Rua Defensa a feira já estava acontecendo a todo o vapor. Vários turistas tomavam a rua que era ladeada por inúmeras barracas, onde haviam lembrancinhas, antiguidades, roupas, e muito mais. Além disso haviam galerias, restaurantes e apresentações de artistas de rua que chamavam a atenção de quem passava. O Real costuma ser bem aceito na feira, porém o troco via de regra é geralmente em Peso (R$ 1 = $ 5). Percorri a feira em toda sua extensão, da Casa Rosada até ao Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, e concluí que é realmente se trata de uma das mais interessantes atrações da cidade. 















  





















  





No dia 21 de agosto resolvi voltar ao Monumento á Mafalda para fazer meus registros, afinal, sem a "Feira de San Telmo" que acontece apenas aos domingos, o local certamente estaria mais tranquilo. Assim que cheguei havia apenas um funcionário do bar fazendo a limpeza do local, então aproveitei para tirar minhas fotos e tietar a estatua da garotinha mais famosa da Argentina. Após isso dei uma olhada no mapa pelo celular e vi que o Rio da Prata estava por perto, então resolvi caminhar até la expectativa de pelo menos molhar os pés nele. No caminho acabei chegando por acaso no Porto Madero, onde tirei várias fotografias em meio ao uma cenário muito bonito do canal e das edificações no entorno. O espaço conta com um grande calçadão onde muito gente aproveitava para passear com filhos, caminhar ou fazer aquela corridinha numa manhã um pouco fria porém bem ensolarada. Por ali haviam vários bares, cafés e restaurantes que estavam fechados, por estar muito cedo e também por se tratar do feriado local alusivo à morte do General José de San Martín, mas certamente mais tarde o local estaria demasiado movimentado. Ainda determinado a chegar ao Rio da Prata eu atravessei a famosa Puente de la Mujer (uma passarela) chegando a uma grande parque, mas onde deveria haver o rio eu só um canal com uma vegetação flutuante e uma espécia de floresta do outro lado. Poderia ter olhado o mapa do celular, mas para variar estava descarregado, e por isso desisti do meu intento e continuei a caminhar pelo parque até avistar os fundos da Casa Rosada, para me dirigi, afinal, ela era uma referência para eu localizar o hotel e outros locais já conhecidos. 

À noite, como ainda tinha alguns pesos resolvi sair pra gastar. Andei pelo centro de Buenos Aires em busca de algum lugar interessante para comer. Cheguei ao Obelisco onde tirei algumas fotos, e depois resolvi comer num restaurante chamado no Il Gatto Trattorias, o qual parecia ser bem aconchegante, e de fato fui muito bem atendido. Após o jantar, retornei para o hotel caminhando, e me despedindo da cidade que havia me recebido tão bem, e já sentindo uma vontade tão grande de voltar e conhecer tantos outros lugares que não conheci, bem como rever aqueles que mais gostei. 






































No hotel arrumei minhas coisas, e resolvi não dormir, pois tive receio de não acordar a tempo para o embarque que aconteceria às 7h00min do dia seguinte. E considerando a distância do aeroporto e também aos procedimentos de embarque por tratar de uma viagem internacional, eu preferi não correr o risco de depender do despertador do celular ou mesmo do funcionário do hotel para me acordar. Me mantive desperto por várias horas assistindo televisão, e quando o sono chegou tomei um banho e fui para o átrio do hotel onde fiquei numa área de acesso à Internet. Perto do amanhecer voltei para meu quarto, tomei mais um banho e me arrumei, e desci com minha bagagem. Ao me apresentar para o check-out no hotel, paguei o que havia consumido e pedi um táxi que não demorou para chegar. A viagem até o Aeroporto de Ezeiza foi tranquila, até porque ainda não havia amanhecido, estava tudo escuro e as ruas tranquilas. No aeroporto despachei a bagagem junto ao Latam, e depois me apresentei ao embarque internacional ou tive que tirar os sapatos e fui revistado assim como todos os outros (sem qualquer distinção). Como não havia tomado café resolvi comer por ali mesmo. Pedi um café com leite e uma espécie de misto-quento, que me custou R$ 50, isso mesmo, não estou falando de pesos, mas de reais mesmo. Comi muito rapidamente porque faltava apenas 10 minutos para o embarque, que aconteceu no amanhecer do dia 22 de agosto. 

























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